08 mar/14

Vem aí: Elke no Farofa Cultural

postado por Diogo Branco

Anote na agenda:
Na próxima segunda-feira ( dia 10 de Março ), a entrevista exclusiva de Elke Maravilha ao Farofa Cultural estará disponível aqui no site !
Você não pode perder !




07 mar/14

Uma vez por mês, os amorosos se reúnem para compartilhar histórias de vida e de superação, debater questões da Associação Síndrome do Amor, e confraternizar. Em Fevereiro, o Hotel Taiwan reuniu os amorosos numa noite chamada ''Amor em Dose Tripla'' .

O encontro foi um presente aos amorosos que se doam tanto.
No vídeo, Sohar Dahini entrevista Marília Castelo Branco, a fundadora da ASDA, e Cristiane Framartino Bezerra, nossa querida farofeira que destina parte da renda dos seus livros à essa amorosa Associação.


05 mar/14

Águas de Março

postado por Diogo Branco

"Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada / do outono, quando a terra em sede requeimada / bebera longamente as águas da estação(...)'''
Olavo Bilac

Começo de Março em Ribeirão Preto. Dias de carnaval:Todo mundo pulando, pulando e copulando. Enquanto meus amigos se entretiam com o ‘’lepo lepo ‘’ o hit de 2014, eu escutava do meu quarto uma garoa fina caindo como uma gentileza da natureza. Fechei a cortina e dei uma risada marota pro mundo que se esborrachava lá fora. Os pingos pingando e o vento ventando me faziam cantarolar ‘’Águas de Março’’ pela casa. Incrível como as músicas funcionam como verdadeiras trilhas sonoras em nossas vidas. A promessa de vida no meu coração nunca pareceu fazer tanto sentido. Nosso ano só começa depois do carnaval, não é?! Ah... são tantas promessas que as águas de março trazem... E o ar de renovação vem especialmente para os que estão em fase de mudanças, como este que vos escreve. Paro na sala e imagino o maestro Jobim tocando violão na minha sala. É pedir muito? ‘’Pode ser flauta então, mas traz a Pimentinha pra dar uma canja’’, pensei. Abri novamente a janela e observei o bloco carnavalesco, as odaliscas e os piratas à solta. Refleti. Talvez eu tenha que ser mais folião, soltar o ‘’Diogo bagunceiro’’ e mandar ‘’beijinhos no ombro’’ pra todo mundo. No mesmo instante em que me ocorreu este pensamento, uma amiga me ligou, dizendo que iria colocar uma azeitona no umbigo e desfilar na avenida fantasiada de empada ( afim de ser comida, é claro ): ‘’Ah, Diogo, para de ser chato! Vamos comigo, coloque sua fantasia e vamos curtir a maior festa popular do Brasil’’.Pronto, ‘’ fim da canseira’’: Vou pra avenida. O famoso refrão dos Los Hermanos me garantiu, pouco antes de sair de casa: ‘’Todo carnaval tem seu fim’’. Mesmo sabendo que na quarta de cinzas as fantasias voltam aos barracões, resolvi petiscar um pouco dessa ilusão. Amores de verão e doses de felicidade que passam e voltam sabe-se lá quando. No ano que vem talvez. Bom carnaval.

Diogo BrancoDiogo Branco


03 mar/14

Não, não deste último carnaval.  Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas como seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel  crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com  o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

Clarice Lispector

01 mar/14

Baseado nas tragédias e nos mitos gregos, o espetáculo multimídia ''Krisis'', apresentado por Elke Maravilha e Paulo César Pereio esteve em cartaz no SESC em Ribeirão Preto.
Os farofeiros Diogo Branco e Mateus Barbassa estiveram por lá, onde gravaram uma entrevista exclusiva com Elke.
A entrevista irá ao ar na próxima semana, aqui no site.
Aguarde !

Diogo Branco e Elke MaravilhaDiogo Branco e Elke Maravilha

Site cultural de Ribeirão Preto

Desde 2013 propagando arte e cultura.