Elza Soares sempre foi ousada. Seja pela maneira de cantar, seja pela sua atitude sobre o palco, ou seja por relatar suas opiniões polêmicas no melhor estilo "doa a quem doer". Agora, ao lançar seu 34° disco, Elza resolve ousar ao gravar o primeiro disco composto apenas por canções inéditas. "A Mulher do Fim do Mundo" transita por gêneros diversos em suas 11 faixas. Samba (que não poderia faltar), rap, rock e e eletrônico estão presentes no disco, que traz também arranjos sobrepostos por distorções e dissonâncias.



O álbum começa com "Maria da Vila Matilde", onde escutamos a história de uma mulher que ameaça chamar a polícia caso o marido torne a espancá-la. "Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim". Por ser a primeira faixa, conseguimos ter uma idéia do que virá pela frente. O disco, além de relatar a violência doméstica, também aborta temas como a homofobia e o racismo. Já na faixa "A Mulher do Fim do Mundo" (Romulo Fróes/ Alice Coutinho), homólogo ao disco, Elza como a narradora que viu e viveu tudo, perdeu dois filhos e agora vai registrar o apocalipse sem meias palavras. A canção traduz a alma do disco, e torna a nos mostrar a cantora sem papas na língua. 

Em entrevista recente a um jornal paulistano, a artista explicou sua necessidade de abordar temas tão pesados em suas canções:
"Com o microfone na mão, eu preciso falar. Não posso me calar".

O disco, recém lançado, também é recheado de palavrões, inclusive em alguns de seus títulos. É como se ela sugerisse que palavrões são naturais em um tempo sem delicadezas. O lirismo não tem vez nas faixas deste álbum, que traz a realidade nua e crua. A cantora, no auge de seus 78 anos, deixa neste álbum mais um recado para nós, e parece não se cansar de lutar pelas temáticas que a trouxeram até aqui.

O álbum completo "A Mulher do Fim do Mundo" está disponível no Youtube.









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