Nascida no Rio de Janeiro, Marina é autora e intérprete de grandes clássicos da música pop brasileira. Sua trajetória musical teve início em 1977 quando Gal Costa gravou uma música de sua autoria, "Meu Doce Amor".Dois anos depois, lançou seu primeiro disco, chamado "Simples Como Fogo". Em mais de 30 anos de carreira, Marina passou por momentos delicados, ficou afastada por um tempo, mas deu a volta por cima.
Em 2011 lançou o disco "Clímax'', e pouco tempo depois assumiu sua paixão pela literatura na forma de um presente a todos os seus fãs:
O livro "Maneira de Ser".
Marina Lima, que é indiscutivelmente uma das maiores cantoras do Brasil, esteve em Ribeirão Preto neste último final de semana, e cedeu uma entrevista ao Farofa Cultural, na qual comenta sobre sua carreira, seu novo livro "Maneira de Ser", e um pouco sobre sua vida pessoal.
Confira:
DIOGO BRANCO – Marina, “pra começar”, “eu preciso dizer que te amo” ( risos): Sou músico e me sinto lisonjeado por poder conversar com a autora das canções que sempre se destacam em meu repertório. Quando seleciono as músicas para as minhas apresentações, tenho que ouvir seus CDs e sentir qual canção cairá melhor no meu show, mas é quase como uma obrigação ter pelo menos uma música sua no repertório.
Em que momento da sua vida você percebeu que estava fazendo sucesso?
MARINA LIMA- A partir do disco Fullgás. Antes de "Fullgás" eu estava me apresentando e construindo uma rede. E em Fullgás tudo aconteceu. Parece que o Brasil todo, onde quer que eu fosse, no Sul e no Norte, entendia que eu estava propondo algo diferente. E gostava.
DIOGO BRANCO- Li seu livro “Maneira de Ser”, e posso dizer que, apesar de não ser uma biografia, revela muitos detalhes de quem você é, das histórias que você viveu e de tudo o que você pensa. Suas músicas, mesmo as compostas em parceria com Antônio Cícero, são muito auto-biográficas. Você acha que sua história está melhor descrita neste livro, ou em suas músicas ?
MARINA LIMA – Bem, esse livro só existe por causa das minhas músicas. Risos. Mas, em ambos os casos, a coisa mais importante são as escolhas. As escolhas do que deve ser dito, ser feito, esquecido, sublinhado. A partir disso e de um talento se constrói uma vida.
DIOGO BRANCO – Você se sentiu mais livre após escrever seu livro, ou seja, ele foi um passo libertador para a sua história?
MARINA LIMA – Eu acho que você matou a charada. Ele foi um passo libertador pra mim. A partir disso, estou gostando ainda mais de fazer show. Esse livro me reaproximou na minha música.
DIOGO BRANCO – Você sente vontade de escrever mais?
MARINA LIMA- Olha, eu acho que vou me sentir a vontade quando eu perceber que eu tenho assuntos suficientemente interessantes para desmembrar. Já exercito isso volta e meia nos blogs que escrevo, tanto no meu site www.marinalima.com.br quanto no site As Meninas Online ( asmeninasonline.com ), onde também escrevo. Mas vamos ver...
DIOGO BRANCO – A cabala te ajudou a escrever o livro? Se sim, em que sentido?
MARINA LIMA- A cabala me ensina as regras espirituais do jogo da vida. Ela me ensina a ganhar nesse jogo. É claro que ajudou no livro, mas é muito mais do que isso.
DIOGO BRANCO – Você tem uma visão muito psicanalítica das coisas. Digo isso pelo que pude notar em seu livro e em suas entrevistas. Você usa essa visão a seu favor para compor suas canções?
MARINA LIMA - O tempo todo. Porque eu realmente funciono assim. Eu não consigo me expressar oralmente, com musica ou escrevendo sem eu sentir que há fundamento. É preciso que as coisas tenham fundamento e lógica. É dai que vem a mágica pra mim.
DIOGO BRANCO – Você teve algum ídolo que te inspirou a começar a se envolver com o mundo da música?
MARINA LIMA – Eu tive alguns que foram mudando para outras áreas também com o tempo. Comecei com Beatles, Tom Jobim, Tropicalismo, depois eu fui pra outros estilos musicais, e ainda depois disso fui influencida por poetas, artitas, pessoas que criam, que provocam.
DIOGO BRANCO – A fama te incomoda? Se sim, em quais momentos?
MARINA LIMA- A fama não me incomoda. Porque eu nao me sinto pressionada. O que eu sou em grande escala corresponde a quem sou numa escala menor. Então, não é tão difícil, não me sinto fazendo nenhum tipo de número. basta ser eu mesma. O problema é o que eu digo: O tempo é escasso. Somos obrigados a priorizar o nosso tempo. A partir disso, às vezes, a fama pode me atrapalhar.
DIOGO BRANCO - A paixão pela escrita sempre esteve intrínseca às suas canções. A idéia de escrever um livro já esteve em pauta anteriormente, ou veio à tona apenas depois dos 50, idade em que você resolveu se mudar do Rio para São Paulo e renovar sua vida?
MARINA LIMA- A idéia do livro veio antes. Mas tudo isso é consequência de uma vontade de mudar, de abrir os horizontes.
DIOGO BRANCO – Como você encara a solidão? Os momentos em que está sozinha te trazem conforto?
MARINA LIMA- Sim. A minha vida tem fases mais agitadas. Agora, por exemplo, está numa fase assim. Eu não diria que eu sinto falta da solidão, mas de uma solitude que me inspira e que me da espaço para criar.
DIOGO BRANCO – O acidente com a sua voz me assustou muito, pois também uso minha voz como instrumento de trabalho, e imagino o quanto isso deve ter sido um tanto traumatizante em sua vida. Analisando atualmente, com outros olhos, quais mudanças esse acidente trouxe para sua vida e carreira? Houve o lado bom deste episódio ?
MARINA LIMA – Houve. Hoje em dia, eu realmente só faço o que eu quero. E esse problema já era.
DIOGO BRANCO – No final do seu livro, há uma receita de um drink. De onde surgiu essa idéia?
MARINA LIMA - É um drinque que eu e alguns amigos tomamos muito. Meu pai me ensinou a gostar de uisque, mas uisque puro é muito forte. Então, tomamos esse drinque.
DIOGO BRANCO – Como você gostaria de ser lembrada pelos seus fãs ?
MARINA LIMA- Como sendo verdadeira e talentosa.
DIOGO BRANCO – Para terminar, cite algum trecho de uma música qualquer que defina quem é Marina Lima hoje, ou o que está sentido.
MARINA LIMA- É uma musica nova. Um samba que eu fiz. E a frase pode ser "Meu amor mora na Gávea".
DIOGO BRANCO – Marina, muito obrigado pela entrevista. Sou seu fã de carteirinha, e este nosso bate papo aqui eu vou guardar para sempre, como um presente ou uma gentileza da vida.Grande beijo do seu fã, Diogo Branco.
MARINA LIMA- Prazer é meu também, Diogo. Um beijo, querido. Marina.